Pintora e música, Fátima Pecci Caron apresenta na bienal 200 retratos pintados de mulheres, travestis e pessoas trans argentinas (crianças, jovens e adultos) que foram vítimas de feminicídios ou que estão desaparecidas. Esta violência acontece no mundo todo. A violência contra os corpos femininos e feminizados é cotidiana. O excesso destas imagens evoca a brutalidade destas ausências. Muitas mulheres somem nas redes de trafico de pessoas, outras são assassinadas quando vão dançar ou nas suas próprias casas, geralmente por seus próprios companheiros. Fátima vai além da estatística quando pinta seus rostos e redireciona seus olhares. Elas não são um número, são pessoas, vidas, afetos. São rostos que reclamam por justiça. Os retratos partem das fotografias das organizações que procuram estas pessoas, e que são publicadas nas redes sociais e meios de comunicação. Os bastidores se adaptam ao formato das fotos. Porém, a tradução para a pintura não é literal. Introduz o gesto radical de modificar a direção do olhar. Os olhos apontam ao espectador e, desta forma, interpelam as e os espectadores; interrogam a responsabilidade da sociedade nestes feminicídios e desaparições.