Por mais de uma década, a artista peruana Daniela Ortiz vive em Barcelona e suas vivências enquanto imigrante mulher e racializada no território do antigo Império Espanhol se tornaram o eixo de seus projetos multimídia, que vão de ações em espaços públicos a esculturas em cerâmica e placas decorativas pintadas. Em seus trabalhos, Ortiz faz uma crítica direta da persistência do projeto colonial espanhol e - de forma mais ampla - da Europa Ocidental, que se manifesta atualmente por meio das leis de imigração da União Europeia e diversas formas de opressão a imigrantes, tanto em nível institucional quanto na vida cotidiana. Ferramenta para leitura e alfabetização política, O ABC da Europa racista utiliza uma forma familiar - um livro de alfabetização infantil - para inculcar informações nefastas sobre as diversas formas de perseguição enfrentadas por crianças imigrantes e suas famílias e para formar um discurso feroz contra tais perseguições, desde as operações do Frontex (Agência Europeia de Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas) até o uso de linhas aéreas comerciais para deportações.