Leia o dossê sobre a pesquisa neste link.

Em Marias de minha vida (2020), a artista visual, arte educadora, pesquisadora e mestre em educação, Mirella Maria articula tempo e memória alinhavados em narrativas biográficas de membros de sua família. O ponto de partida para a pesquisa é a tentativa de a artista entender o porquê de seu sobrenome ser “Maria” — um nome comum dentro do contexto brasileiro. No processo, Mirella Maria faz registros orais e fotográficos de membros da família, uma imersão na qual a artista descobre ricas histórias de familiares vinculadas ao sobrenome-nome e a memórias ancestrais. Na busca, uma curiosidade não compartilhada por outras pessoas da família, a artista depara-se com resíduos coloniais presentes na construção de seu sobrenome-nome: “Maria” é o nome de proprietários de africanos escravizados, transferido, como marca de poder, para gerações de famílias pretas no Brasil. Mirella Maria formata em vestido imagens dessa rede de membros da família, formada principalmente por mulheres, que carregam esse sobrenome-nome. Assim, as “‘Marias’ que percorreram o tempo, continuam presentes em nome, sobrenome, imagem e memória viva.”