Em 2009, em resposta a onda de feminicídios acontecidos em Cidade Juárez nos anos noventa, e a morte da irmã da artista pelo seu marido, Elina Chauvet realiza nesta cidade uma instalação com 33 pares de sapatos doados, pintados de vermelho. Desde então, a instalação tem se tornado itinerante e passado por diferentes cidades do mundo e adquirido formatos variados. Na Bienal 12 se reatualiza partindo de um trabalho participativo da comunidade de Porto Alegre em coparticipação com a THEMIS, uma ONG criada por um grupo de advogadas e cientistas sociais feministas com o objetivo de confrontar as discriminações das mulheres no sistema judiciário. Por meio da THEMIS se teve acesso a diferentes pontos da periferia da cidade de Porto Alegre e região metropolitana (dividida em 7 regiões: Restinga, Cruzeiro, Eixo Baltazar, Lomba do Pinheiro, Zona Leste, Canoas e Guaíba) com o objetivo de coletar pares de sapatos das mulheres que estão numa situação de maior vulnerabilidade social e além disso, de alguma maneira, fazer com que a bienal chegue ativamente a estes espaços. Os sapatos se dispõem na escadaria do Memorial como uma intervenção simbólica poderosa que lembra que a violência contra as mulheres continua se reproduzindo, que não faz parte do passado, mas integra dolorosamente o presente.