A obra de Ali Eyal está relacionada às vivências pessoais e coletivas dos iraquianos no início dos anos 2000, quando o país foi invadido pelos Estados Unidos e aliados. O artista realiza, em diversas mídias, com destaque para o desenho e a pintura, composições intrincadas, nas quais figuras se espalham, “derretem” e se misturam, resultando em um conjunto cuja compreensão é alcançada aos poucos.
Na 14ª Bienal do Mercosul, Eyal compõe um espaço com retratos que, como tem sido marcante em sua obra, são, na verdade, “meio-retratos” porque escapam a evidenciar os rostos, embora adote aqui um tratamento formal mais transparente. A fotografia 6×9 doesn’t fit everything é formada por camadas que envolvem texto, pintura, envelopes e mãos que sustentam todos esses níveis, em uma operação que nos fala sobre narrativas contidas dentro de outras e sobre seus enquadramentos e necessidade de transpor determinados espaços.
Charlene Cabral
Ali Eyal (Iraque, 1994) é um artista que trabalha com pintura, desenho e vídeo para explorar as relações entre história pessoal, memórias transitórias, política e identidade. Eyal participou de inúmeras exposições importantes como, por exemplo, a Documenta 15 (2022), The 58th Carnegie International (2022) e 15th Sharjah Biennale (2023). Suas obras também fazem parte de coleções em instituições como a Kadist Art Foundation em Paris e São Francisco. Vive em Los Angeles, Estados Unidos.