Awilda Sterling-Duprey é reconhecida por entrelaçar o expressionismo abstrato com o espectro tridimensional das coreografias. Em uma trajetória que concilia a política e a gestualidade lírica, a artista evoca questões identitárias e de gênero, referenciando ainda a diáspora, a migração e o silenciamento das mulheres afro-caribenhas.
Marcada pelo experimentalismo, sua produção conjuga múltiplos campos artísticos, originando manifestações poéticas protagonizadas pelo corpo e pela sensibilidade, como podemos ver nas séries Estéticas del Des Orden e Blindfolded. Iniciada em 2020, Blindfolded combina dança, música, desenho e performance: em um processo de criação tão vigoroso quanto delicado, a artista venda seus olhos para imprimir traços intensos à superfície do papel ou da tela. Na performance comissionada pela 14ª Bienal do Mercosul, Sterling-Duprey traduz a música através de seus movimentos, compondo “desenhos-dançados” como resposta às improvisações despertadas pelo jazz – um exercício lúdico de liberdade e resistência.
Henrique Menezes
Awilda Sterling-Duprey (Porto Rico, 1947) tem uma prática multidisciplinar abrange pintura, performance, dança e som. Seu trabalho explora identidade, gênero, diáspora, linguagem e migração e desafia as noções convencionais de cultura e limites de gênero. É membra-fundadora do Pisotón, o primeiro coletivo de dança experimental de Porto Rico. Seus trabalhos foram exibidos em exposições como a Bienal do Whitney Museum of American Art, em 2022, e a exposição "No existe un mundo Poshuracán", no mesmo museu. Vive em San Juán, Porto Rico.