A produção de Darks Miranda transita entre o vídeo, a performance e a escultura e se molda com elementos que passam pela ficção científica e pela cultura de massa. Atravessada por uma vigorosa pesquisa de imagens, a produção de Darks remete a um universo que elabora, em si mesmo, as deformações de um projeto modernista fracassado.
Suas esculturas, exibidas na Casa de Cultura Mario Quintana e na Fundação Iberê, são como uma pele habitada por uma sociedade intensamente extrativista e dependente da tecnologia. Flores e ovos, natureza e nascimento são exibidos em materiais sintéticos e maleáveis, metálicos e cintilantes. É como se, em seu âmago, processassem magma, lixo radioativo, restos mortais, experimentos científicos e gosma alienígena. As obras aqui expostas, como na produção da artista, de modo geral, assinalam paradoxos, como a repulsa e o desejo do fim do mundo simultâneos ao deleite com um planeta cada vez mais contaminado.
Taís Cardoso
Darks Miranda (Brasil, 1985) é artista, cineasta e performer conhecida por seu trabalho que explora temas como gênero, identidade cultural e a estética brasileira de uma perspectiva crítica. Participou de exposições em espaços como Paço Imperial, Museu de Arte do Rio, Museu Oscar Niemeyer e Tate Modern. Em 2020 realizou trabalhos comissionados para o Instituto Moreira Salles e para The Swiss Arts Council Pro Helvetia, e mais recentemente participou da Residência Artística da FAAP. Vive no Rio de Janeiro, Brasil.
