Gabriel Chaile dedica-se à criação de instalações e esculturas (muitas delas de caráter antropomórfico) nas quais recorre a saberes e técnicas indígenas e artesanais, interessado nas articulações entre antropologia, religião e arte. Utilizando principalmente barro e adobe, seus trabalhos evocam simbolismos ancestrais e coletivos em confluência com a vida contemporânea, compondo seu repertório visual, material e formal, que dialoga também com referências indígenas do Noroeste da Argentina, região onde nasceu, e heranças culturais espanholas e afro-árabes. Nesse sentido, a obra do artista se volta tanto para o resgate de tradições quanto para sua ampliação e renovação, promovendo encontros e novas formas de sociabilidade.
Práticas colaborativas são centrais na produção de Chaile, especialmente experiências que conectam a alimentação e a culinária à arte. Seus fornos de barro, como o comissionado pela 14ª Bienal do Mercosul, evocam memórias de celebração comunitária, reforçando a comida como veículo de comunhão e transmissão de saberes. Chaile entende o patrimônio como um processo vivo, que se perpetua na partilha e na criação de novas comunidades.
Cristina Barros
Gabriel Chaile (Argentina, 1985) cria esculturas e instalações de escala pública, principalmente a partir do barro e do adobe, materiais carregados de dimensões simbólicas e rituais coletivos que o artista sintetiza. Sua obra se alimenta de repertórios imagéticos, técnicos e formais de diferentes cosmologias indígenas do Noroeste da Argentina. A colaboração é fundamental para Chaile, nas trocas por meio da alimentação e da culinária, onde ele aproxima a sua produção de articulações mais amplas com coletivos migrantes, populações periféricas e fronteiras políticas. Participou de diversas de exposições como a 59ª Bienal de Veneza e Trienal do New Museum, nos Estados Unidos. Vive em Lisboa, Portugal.