Sambista, compositor e instrumentista, Heitor dos Prazeres ocupou lugar de destaque também nas artes visuais. Sua vasta produção – que inclui pinturas, composições musicais, desenhos, discos e indumentárias – reflete sua atuação multifacetada e a interação com diversas formas de expressão cultural na complexa realidade sociocultural brasileira. Suas pinturas remetem à sua vivência cotidiana, entre os fluxos migratórios, a transição do campo para a cidade, a religiosidade popular, a repressão policial, a capoeira, a música e a afetividade.
A trajetória do artista, no contexto da arte moderna no país, coincide com o desejo de afirmação das bases de uma cultura genuinamente brasileira, profundamente influenciada pela herança afro-brasileira e a cultura popular. O Frevo que participa da 14ª Bienal do Mercosul é uma das diversas obras do artista que possui esse mesmo título e tema. Mais que um ritmo ou uma dança, o Frevo é uma das mais conhecidas manifestações culturais populares do Brasil, tendo Pernambuco como estado de origem.
Fernanda Soares da Rosa
Heitor dos Prazeres (Brasil, 1889-1966) foi pintor, compositor e marceneiro. Inicia-se na pintura por volta de 1937, como autodidata, estimulado pelo jornalista e desenhista Carlos Cavalcanti. Participou e foi premiado na 1ª Bienal Internacional de São Paulo. É homenageado com sala especial na 2ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1953. Tornou-se um artista destacado, atuando como compositor, instrumentista e letrista de música popular brasileira. Participou da fundação das primeiras escolas de samba cariocas, entre elas a Estação Primeira de Mangueira. Suas obras estão em coleções de importantes museus brasileiros e internacionais. Viveu no Rio de Janeiro, Brasil.