Os petróglifos do Rio Negro, na Amazônia brasileira, reapareceram na seca de 2023, revelando rostos que podem ter mais de dois mil anos. Essas gravuras rupestres, esculpidas em pedra, ganharam novo significado ao se tornarem símbolo da crise climática, refletindo preocupações sobre o futuro do planeta. Na obra de Monticelli, comissionada pela 14ª Bienal do Mercosul, essas imagens são transformadas em luzes de neon e exibidas em caixas vazias. Se, no passado, esses rostos esculpidos carregaram significados sagrados ou comunicados importantes, em Zé Ninguém, no contexto da arte, do mundo digital e do consumo, eles se tornam imagens de um tempo de mudanças rápidas e de incertezas.
Em sua produção, Monticelli transforma o cotidiano ao reimaginar espaços, objetos e materiais explorando tanto contextos domésticos quanto coletivos. Seus trabalhos transitam entre diferentes suportes, como instalação, objeto e fotografia, sem se limitar a uma única técnica, oferecendo novas perspectivas sobre os ambientes e suas dinâmicas.
Daniele Alana
Ismael Monticelli (Brasil, 1987) é artista multimídia com especial interesse na realização de pesquisas artísticas de longa duração. A sua obra explora a interseção entre arte, história e ficção, mergulhando nas utopias e distopias de um tempo marcado por efemérides e fracassos. Possui Doutorado em Arte e Cultura Contemporânea pela UERJ. Ganhou o 7º Prêmio Indústria Nacional Marcantonio Vilaça. Foi contemplado com a Bolsa ProHelvetia de Residência para Artistas Sul Americanos, realizada em La Becque Residence D'artistes, La Tour-de-Peilz/Suíça. Realizou exposições individuais no Brasil e participou de diversas exposições coletivas no Brasil e em outros países como Reino Unido, Estados Unidos, Suíça e Singapura. Vive em Brasília, Brasil.