José Ballivián é um artista que, por meio de desenhos e vídeos, está imerso na cosmovisão andina, em suas raízes aimará e na espiritualidade dos Yatiris, às margens do Lago Titicaca. O artista observa os morros guardiões, as huacas sagradas e a resistência aimará urbana nas periferias de El Alto e La Paz, em meio à globalização.
Comissionado pela 14ª Bienal do Mercosul, Ballivián apresenta duas obras da série Fe y otros relatos. Uma delas é um vídeo em 3D cuja história é articulada a partir da atuação e agência das personagens Santa Awicha (mulher idosa), Santa Imilla (mulher jovem) e o trompetista mascarado das bandas de pueblos, que aparecem em dois cenários: o altiplano e a cidade. No primeiro, a fé e as oferendas à Pachamama são fortalecidas enquanto o segundo cenário explora o híbrido e a colonização. A outra obra da série é composta de desenhos que retratam a circularidade da dança wuaca wuaca e dos rituais bem como a espiral do passado e do presente entre os aimarás-urbanos, como cholas, cholos, choles e birlochas.
Oendu de Mendonça
José Ballivián (Bolívia, 1975) estudou na Academia Nacional de Belas Artes “Hernando Siles” em La Paz, Bolívia. A sua produção baseia-se em temas que vão do popular, ao marginal e ao híbrido, representados em múltiplas formas como desenho, escultura, instalação, performance e vídeos. Participou de projetos em instituições como a 57ª Bienal de Veneza, Bienalsur, Museu de Arte Contemporânea da Argentina, Museu Nacional de Arte da Bolívia, dentre outros. Vive em La Paz, Bolívia.
