A obra de Letícia Lopes carrega a marca do mistério. Tendo como referência uma variedade de imagens que coleciona (fotografias, postais, material encontrado em enciclopédias ou na internet), a artista constrói composições nas quais o enigma e o segredo pairam sobre cada elemento, seduzindo o observador a mergulhar em uma atmosfera fatal, cheia de perigos.
Uma luz de sonhos banha as telas povoadas de vultos e de animais notívagos. Narrativas veladas emanam silenciosamente das fibras da lona ou do papel. Suas obras são criadas por meio de um domínio da cor e de uma gestualidade vigorosa, que abrem espaços de incerteza no campo pictórico. Na série de desenhos Suíte Esfinge, vemos silhuetas de animais e de corpos femininos em cenas que se confundem com miragens e alucinações. O preenchimento com tinta escura destaca os contornos do fundo e das demais figuras, sugerindo um jogo de aparências em que não sabemos ao certo tratar-se de manifestação ou desaparição.
Leo Felipe
Letícia Lopes (Brasil, 1988) é artista visual e na sua prática de trabalho pensa pintura, desenho, foto e vídeo como testemunhas de estados transitórios da linguagem, sendo a pintura sua principal escolha. Em sua pintura nada se vê com certeza, e passam no espaço de parede, entre uma pintura e outra, vultos de verbos transfigurados em cenas, aparições, figuras e manchas, máscaras, peles, sussurros. Desde 2013 participa de mostras coletivas e individuais, tendo seu trabalho exposto em diversas instituições brasileiras. Seu trabalho integra os acervos permanentes do MAC-RS e do Museu Nacional de Belas Artes. Vive em São Paulo, Brasil.
