Lamonier transita entre diversas mídias, como têxteis, desenhos, fotografias, vídeos
e instalações. Entre a política, o social e a sexualidade, sua produção relaciona, sempre de maneira crítica, a memória, a ficção e os hiperestímulos da cultura pop e
das mídias, criando narrativas autobiográficas e utópicas entre os centros urbanos,
as periferias e, por vezes, grupos minoritários.
A instalação comissionada pela 14ª Bienal do Mercosul apresenta diferentes processos de trabalho do artista. Em um espaço concebido como uma “ilha de edição”, materiais visuais e estímulos sonoros se entrelaçam a um ensaio poético, com manuscritos espalhados pelas paredes da galeria. Nessas anotações, o artista reflete sobre sua vida íntima e a conecta a acontecimentos históricos, desde a teoria do Big Bang até os dias atuais.
Também compõe a instalação uma estrutura disforme, formada por objetos acumulados, monitores com vídeos, máscaras, fotografias e outros elementos que fazem referência à cultura vernacular e à história ocidental do último século. A obra pode ser interpretada como uma metáfora para um inconsciente coletivo recalcado, refletindo um passado trágico, um presente neurótico e um futuro que se desenha às cegas diante de um pacto civilizatório fraturado e de um iminente colapso global.
Carolina Grippa
Randolpho Lamonier (Brasil, 1988) é artista visual formado pela Escola de Belas Artes da UFMG. Seu trabalho transita entre diferentes mídias, tendo protagonismo a prática em arte têxtil, pintura, vídeo e instalação. Em sua pesquisa, palavra e imagem estão sempre em diálogo e costumam versar sobre micro e macro política, crônicas, diários e múltiplos cruzamentos entre memória e ficção. Participou de diversas exposições em instituições como o Denver Art Museum, o MASP e o Another Space, em Nova Iorque. Seu trabalho faz parte das coleções permanentes do MASP, do Denver Art Museum, da Pinacoteca do Estado de São Paulo, dentre outros. Vive em São Paulo, Brasil.