Com um repertório visual próprio, que evoca imagens e objetos vinculados ao cotidiano, Rochelle Costi utilizou foto, vídeo e instalações em trabalhos que deslocam o senso comum sobre a representação do cotidiano e da memória, muitas vezes, com ironia e humor. Colecionismo e fotografia fundem-se em suas composições, provocando um encontro do espectador com lembranças e experiências que lhe são familiares.
Em Passatempo (2018), Costi investiga o conceito de “tempo” a partir de um “relógio sem números”, em grande escala, que inclui as letras que compõem o título da obra, refletindo sobre a ambiguidade dos sentidos de passagem e permanência. Quando o trabalho foi apresentado pela primeira vez, ele fazia parte de uma instalação composta por uma série de vídeos do acervo pessoal da artista, cobrindo o período entre 1981 e 1988 da cena cultural na cidade de Porto Alegre. Os arquivos expostos na ocasião foram editados com a intenção de resgatar momentos da transição no pós-ditadura, além de espaços que viriam a se tornar aparatos culturais da cidade.
Gabriela Wieczorek
Rochelle Costi (Brasil, 1961-2022) é uma artista que trabalhou com fotografia, vídeo e instalação. Sua concepção de fotografia como forma de colecionar é refletida diretamente em seu trabalho, geralmente organizado em séries. A artista mistura fotografias com outras formas de expressão artística e muitas vezes as leva para a instalação. Destacam-se as exposições realizadas no Museu de Arte Moderna de São Paulo, nas 24ª e 29ª Bienais de São Paulo, na Neuer Berliner Kunstverein, no Museu del Barrio, em Nova Iorque, no Centro de Arte Reina Sofia, em Madri. Participou de duas edições da Bienal de Havana. Viveu parte considerável da sua carreira em São Paulo e iniciou sua trajetória em Porto Alegre, também no Brasil.