Além de pintor e escultor autodidata, Santiago Yahuarcani é uma liderança indígena Aimeni, da Nação Uitoto, que vive no Norte da Amazônia. Seu trabalho artístico documenta saberes indígenas e ontologias amazônicas e denuncia o genocídio sofrido por seu povo, especialmente a violência perpetrada pelos colonizadores no início do século 20, no contexto de expansão do ciclo da borracha na região.
A llanchama, casca de uma árvore amazônica usada na confecção de vestimentas e utilitários, é a superfície usada por Yahuarcani para a criação de suas pinturas, cujas cenas apresentam uma miríade de animais, plantas sagradas e entidades da floresta. Rica em simbolismos, sua obra plasma relatos orais transmitidos por seus ancestrais, funcionando como memória histórica de sua comunidade e denúncia contra a exploração da natureza.
Leo Felipe
Santiago Yahuarcani (Comama/Uitoto/Peru, 1960) é um artista visual e líder dos povos Uitoto. Seu trabalho gira em torno das ontologias amazônicas e das políticas de genocídio contra o povo amazônico. Suas obras, geralmente em pintura, trazem grande liberdade compositiva e, de diferentes formas, respondem ao seu contexto. Suas obras são feitas sobre a superfície de uma casca ("llanchama") de uma árvore da família das figueiras. Participou da 60ª Bienal de Veneza. Seu trabalho está nas coleções do Museu de Arte de Lima, do MoMA e sua obra já foi apresentada em instituições pela América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia. Vive em Pebas, Peru.