A prática artística de Zé Carlos Garcia começou com esculturas produzidas ao longo de dezesseis anos para escolas de samba, no Rio de Janeiro, cidade onde reside. A essa forte influência alegórica se somam questões como sustentabilidade e referências das diferentes matrizes que formam a cultura brasileira. Suas esculturas e objetos constroem seu próprio estranhamento, muitas vezes, entre estruturas de móveis e anatomias animais.
Comissionado pela 14ª Bienal do Mercosul, Garcia apresenta um conjunto de onze peças feitas a partir de madeira de manejo florestal e alguns fragmentos de mobiliário conectados a partir de uma figura central, uma mônoda. Suas linhas lapidam faces em troncos de madeira, que revelam a comoção por trás de superfícies supostamente inertes. Por meio de certos movimentos musculares que expressam dor física ou agonia, as peças nos fazem pensar em um mundo em transmutação e nos habitantes de uma paisagem assombrada pela vida dos seus escombros.
Taís Cardoso
Zé Carlos Garcia (Brasil, 1973) é artista visual. Estudou escultura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. As esculturas de Zé Garcia resultam da combinação de membros de diferentes espécies, ou ainda da mescla de plumas e partes de mobiliário de madeira. Dessa junção originam-se híbridos que, além de conservar os significados das partes que os compõem, geram uma curiosidade em relação à sua natureza. Seu trabalho foi exposto em diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e na Europa. Integra os acervos do Instituto Inhotim, do Museu de Arte do Rio e da Fundação Marcos Amaro. Vive no Rio de Janeiro, Brasil.
