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Território Kehinde

Atualizado: 14 de ago. de 2020

Cinco encontros realizados nos meses de outubro e novembro com espaços de debate e troca de conhecimento sobre arte, cultura, educação e femininos.


Assista aos vídeos integrais das palestras no nosso canal do YouTube.



Território Kehinde


O romance Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves é, desde seu lançamento em 2008, um marco na literatura contemporânea brasileira. Mas ele vai além. Estabelece-se como marca porque revela uma herança contínua da colonização e da eleição da sujeição e do direito de posse de humanos sobre humanos. Marco porque estabelece vínculos de uma memória que se acreditava, durante muito tempo, estar perdida e que reaparece como relâmpago necessário na lacuna de um registro sobre onde viemos e de qual lugar surgem nossas raízes. A escravização no Brasil não pode ficar relegada a experiência do passado. Antes disso, ela é elemento que atravessa nossas maneiras de pensar e de existir em uma sociedade assimétrica e, muitas vezes desumanizadora. No entanto a obra desenha, inscreve, rasga lugares para ver a existência negra no século XIX brasileiro. Há ali negros que leem e criam estratégias de aprendizado, há o centro urbano tomado por homens e mulheres que se deslocam e negociam suas liberdades e aprisionamentos, há a vida da Bahia, do Maranhão, do Rio de Janeiro, de São Paulo.


Há sobretudo uma mulher que acende a própria vida, ascende e atende sob o nome de Kehinde. A personagem empreende de Savalu até o Brasil, dos Brasis até as Áfricas e Europas. Inventa formas de vida, olhos de ver e ser vista, morre algumas vezes, vive muitas, aprende e ensina. Kehinde é a mulher negra com suas táticas de existir:a astúcia, a atenção, o olho atento ao afeto não distante da luta e dos saberes.

É a capacidade criar territórios a cada chegada. Em uma mostra, no Sul do mundo, como a Bienal 12, que toma como ponto de partida e de chegada os femininos e a arte em seus tensionamentos e possibilidades de invenção, tomar a figura de uma personagem que está entre a vida e a ficção - entre a memória e a escrita de passados necessários e sobre a marca da mulher negra - vai além de uma homenagem. Significa estabelecer que a mulher negra tem poder em diferentes sentidos de ser a imagem de um mundo já vivido e aquele desejado.


Território Kehinde é a porção de um projeto educativo que toma essa mulher negra e suas criações de vidas como ponto do qual se empreende o encontro. Território Kehinde é lugar de mulheres e, algumas vezes, de homens também. Território Kehinde será durante a Bienal 12 tudo aquilo que se baseia no chegar, encontrar e aprender junto. Território Kehinde é uma roda de conversa. Territórios que se abrem em diferentes cidades sempre com convidadas, seus saberes e suas possibilidades de construir ali seus territórios e formas de aprendizado. Kehinde é deslocamento. Deslocamento de conhecimentos, de perspectivas, de certezas e construções do comum, da ordem do que é compartilhado. Kehinde é a imagem e a seta dos encontros que se dão ao longo de 2019 e 2020. Deslocar, conhecer e inventar são palavras que sustentam os territórios que se erguem a partir das vozes de nossas convidadas.


Igor Simões

Curador Adjunto da Bienal 12/Curadoria educativa



 


Programa Educativo - Território Kehinde


Outubro/ Novembro 2019

Porto Alegre, Caxias do Sul e Pelotas


Porto Alegre, dia 08 de outubro no CHC Santa Casa

19h - Os femininos e o pensamento curatorial da Bienal 12

Com Andrea Giunta e Fabiana Lopes

20h - Educativos, Mostras e Docências em Artes Visuais: Lugares de Criação

Com Carmen Capra, Luciana Loponte e Celina Alcântara

Porto Alegre, dia 31 de outubro no CHC Santa Casa

10h - As Instituições de Arte e os educativos

Com Mônica Hoff, Carla Batista e Marga Kremer

14h - Mediações e mediadores, professoras e professores

Com Mônica Hoff, Carol Mendoza e Larissa Fauri

17h - A sala de aula como espaço de criação e sabotagem

Com Carmen Capra e Estêvão da Fontoura


Caxias do Sul, dia 06 de novembro no Sesc Caxias do Sul

19h - Raça e Artes Visuais em Terra Brasil

Com Xadalu e Renata Sampaio

Pelotas, dia 07 de novembro na Biblioteca Pública Pelotense

19h - Território de Mulheres negras e a Arte

Com Izis abreu e Dedy Ricardo

Porto Alegre, dia 12 de novembro no CHC Santa Casa

10h - Artes, Femininos e pensamentos contemporâneos

Com Daniela Kern, Élle de Bernardini e Mitti Mendonça

14h - Femininos e Cultura

Com Winnie Bueno, Joanna Burigo e Fernanda Bastos


12/11/2019 – 10h/16h- Porto Alegre - CHC Santa Casa

Porto Alegre, dia 12 de novembro no Centro Cultural CEEE - Erico Verissimo

17h - Territórios de Kehinde

Ana Maria Gonçalves

Participação: Izis abreu e Dedy Ricardo



 



Sinopses Mesas Território Kehinde


Os femininos e o pensamento curatorial da Bienal 12

Com a presença da curadora geral Andrea Giunta e dos curadores Fabiana Lopes e Igor Simões, a mesa abrirá uma primeira conversa com o público sobre a Bienal 12


Educativos, Mostras e Docências em Arte: Lugares de criação

Espaços educativos, Arte, salas de aula, criação. As trocas são indispensáveis e sua relação se dá (ou deveria) em constante afinidade com mostras, salas de exposição, salas de teatro, salas de aula. As relações entre esses espaços de construção de saberes a partir da perspectiva da criação são o rumo desse encontro formado por professoras com atuação acadêmica que inscrevem suas perspectivas educativas e poéticas.


As instituições de arte e os educativos:

Os educativos das instituições de artes visuais têm se configurado como uma usina de saberes e lugares que permitem que as próprias instituições pensem a si mesmo. No entanto, como se dá essa escuta e fala? Qual o lugar do educativo na criação do desenho institucional?


Mediações e mediadores, professoras e professores

Estar entre, estar com, estar a partir e apesar. Ver juntos e mover. Professores e mediadores se encontram nos lugares onde falam as mostras e as salas de aula. O espaço expositivo e além são uma zona de aproximação e distanciamento desses dois agentes. Como essas relações se dão? O que cada uma tem a dizer a outra? Afinal como criar formas de cooperação entre a docência em arte e a mediação em espaços de exposição?


Sala de aula como espaço de criação e sabotagem

Se a sala de aula é o lugar onde se costuram saberes em arte, ela também o espaço que pode sabotar aquilo que está sedimentado. Como a arte e a educação se encontram ou podem se encontrar na prática da docência em artes visuais? A sala de aula de arte é o lugar de afirmação ou de questionamento da arte como território?


Raça e Artes Visuais em Terra Brasil

Não há como pensar em artes visuais e suas intersecções sem pensar em quem está inscrito nela e quem ainda chama por visibilidade. Indígenas, negros ou as várias interseções entre estes lugares e gênero, classe, arte. A mesa quer debater e ouvir algumas premissas para o necessário enfrentamento.


Território de Mulheres Negras e a Arte

As mulheres negras ainda são minorias nos acervos, nas mostras de arte em geral, no repertório que ocupa as salas de exposição e as salas de aula. Pensar esses impedimentos e suas formas de implosão é o início de uma mudança que já se anuncia no horizonte. Pensar, debater e encontrar soluções que produzem outras sensibilidades para a questão é o norte desse encontro.


Artes, Femininos e Pensamentos contemporâneos

Se o tema que nos interpela são os femininos e a arte é preciso que nos perguntemos qual o estado de coisas, os caminhos, as chaves para que essa arena seja constituída. Necessariamente é preciso ouvir e estar em estado de parceria na constituição desse amplo terreno de disputas e no caminho da construção de formas solidárias de existência. Por onde pensar essa relação?


Femininos e Cultura

Outras palavras, outras intersecções, outros chamados. As formas vivas, pulsantes e combativas dos femininos e suas invenções de culturas e novas epistemologias são a direção dessa mesa. O feminismo e algumas das suas mais importantes proposições será o fio que conduz esse encontro.


Territórios de Kehinde

A escritora Ana Maria Gonçalves e seu incontornável livro “Um Defeito de Cor” são o nome e a seta dos encontros entre muitas mulheres e alguns homens nesse nosso território Kehinde. Na oportunidade, com a presença da autora, trechos do livro e debates farão parte simultaneamente da Bienal e da Feira do Livro. Ana Maria Gonçalves, suas palavras e sua Kehinde estarão presentes nesse encontro de afeto e homenagem a uma obra que inscreveu novas leituras de Mulheres, Raças e Brasis.


Assista aos vídeos integrais das palestras no nosso canal do YouTube.



 

Patrocínio: Santander

Co-patrocínio: Banrisul

Apoio: Unimed e Unicred

Apoio institucional: Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, Memorial do RS, MARGS, UERGS, CHC Santa Casa, Fundação Iberê Camargo e Theatro São Pedro

Realização do programa educativo: Fecomércio / SESC RS

Realização: Lei Federal de Incentivo à Cultura e Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul

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